Mortes banais

O ser humano não evolui mais. Digo isso, pois constato que a vida chegou ao ápice da parábola. Sim, aquela mesma parábola matemática que estudamos no segundo grau. Aquela em que depois do ponto culminante vem a queda. A banalidade das motivações para as mortes que ocorrem hoje em dia mostram isso. Fui acometido a um episódio que me deixou boquiaberto com a incapacidade de diálogo da raça humana. Aí está a evidência de que estamos nos aproximando dos urros guturais das cavernas para nos comunicarmos.

Foi o seguinte: estava eu em um aniversário. Ao final, estávamos eu e mais dois amigos na porta de entrada do salão de festas, esperando a carona para ir embora. Passou uma garota por nós e meu amigo tocou-a no braço. Até aí tudo bem, não fosse um cara mal encarado chegar e peitar meu amigo. Ele dizia que ia "dar tiro", que ia "furar ele de bala". Fiquei um tanto apavorado com a falta de diálogo.

Custava muito o cara ter dito: "olha, cara, ela tem namorado. E este sou eu". Pronto, acabaria ali. Mas não. Foi uma queda de braço para ver o mais machão. Confesso que aprendi ontem a ter vergonha de ser um humano. Tive vergonha dos modos como nos tratamos. Tive vergonha da banalidade que nossas vidas estão se tornando a cada dia.

A questão é: não podemos retroagir. Não deixemos que nossa vida se torne uma parábola e sim uma constante evolução. Desse jeito nós mesmos destruiremos o que nós fizemos, pra depois criar o que destruimos. Não tem lógica. A lógica foi morta pelos nossos antepassados, trancafiada a sete chaves em algum navio fantasma que se perdeu no fundo de um oceano inexistente.

1 comentários:

Kah Leão disse...

ô tempo bom, qndo o Rodrigo atualizava este blog! ;)