Aprender a contar...

Tá na história do mundo, da vida. Deus fez o Sol, fez seu correspondende: a Lua. Deus fez a Luz, fez seu correspondende: a Escuridão. Seriam estes então pares? Não.

Como já disse uma vez o gaucho Martin Fierro, personagem do escritor uruguaio José Hernández:

“Uno es el sol, uno el mundo,
sola y única es la luna
ansí han de saber que Dios
no crió cantidá ninguna.”

Deus não criou quantidade nenhuma. Criou cada coisa como única e individual. O homem, estúpido homem, passou a dar quantidade às coisas únicas quando aprendeu a contar. Assim, a vida perde aos poucos aquela parcela de singularidade que tinha.

Assim, ao saber contar, o homem estipulou os números. Malditos números. Uma pessoa é mais velha que a outra, mais pesada que a outra, mais magra que a outra, mais inteligente que a outra etc. Sempre essa danada comparação. Pra que tudo isso? Cada um tem seu valor. 

Os anos da nossa vida passam por passar. É como se estivéssemos brincando de esconder e estamos contando, de olhos fechados. Contamos um, dois, três, quatro, num ritmo vagaroso. A partir da primeira dezena, dez, onze, doze, treze, quatorze, damos uma aprumada na contagem e fazemos soar mais rápido. Quando entramos na contagem dos vinte, vintium, vintidois, vintreis, vincatro, vincin, vinseis, os números voam. Eles perspassam por nossos lábio como se fossem foguetes. E assim vamos crescendo. Hoje tenho vinte, amanhã vinte e um. 

Qual é a contagem da tua vida? Quando sairemos para procurar? Procurar o quê?

2 comentários:

Unknown disse...

Realmente tudo passa mto rápido e as vezes com a preocupação de quantificar isso acabamos por tirar o verdadeiro valor das coisas!

Aline Trierweiler disse...

Talvez fosse melhor se não pensassemos nos dias, nos meses, nos anos, que apenas vivessemos (muito difícil isso, mas...).Quando se tem 19 anos a vida parece eterna, parece que nunca vai acabar, e no entanto...