Tempo de quê?

É tempo, mas de quê? Realmente não sei. Quero fazer tudo que sempre quis fazer, mas não podia em virtude das diversas coisas que já me ocupavam o dia e a noite. Terminei a faculdade (sim, agora sou um jornalista sem previsões de futuro!). Agora só me resta o trabalho e as infinitudes de coisas que sempre desejei fazer. O problema é que a preguiça muitas vezes toma conta do corpo. E não é só de mim, mas de todo mundo.
Sempre quis gravar todas minhas músicas em casa, escrever mais contos e um livro, me livrar do sedentarismo e entrar em uma academia, ler mais livros que costumo ler, ter um blog, dormir bastante etc. Algumas destas eu já faço, como este blog que iniciei há pouco tempo. Já gravei uma música minha, mas falta a aprimoração. Já escrevi muitos contos, mas parei. O livro ainda é um sonho. Já entrei em uma academia, mas saí por falta de tempo. Leio cerca de dois livros por mês (faz três meses que estou lendo A Dança da Morte, de Stephen King, que tem quase mil páginas). Já estou dormindo o suficiente (diria que até demais) para recuperar as horas de sono perdidas durante a monografia.
Agora, o que falta para começar? Falta exatamente começar. Mas começar com o quê? Nunca te fizeste esta pergunta? Eu sempre me faço. Há um quê de misticismo nos meus movimentos. Misticismo este que pode ser confundido com pessimismo. Não, não sou pessimista. Sou otimista até demais. E muitas pessoas acham que este otimismo é semblante do "se achismo". Não é verdade. Acho que todos deveriam ser dotados de tal "se achismo". Faz bem. Muito bem. É aquela velha história: se tu mesmo não confia em ti (que é a pessoa que mais deveria confiar), quem deveria confiar então?
Afinal, é tempo de quê? Como saber para onde devo ir? As oportunidades estão aí. É só pegá-las pelas pernas e levá-las contigo. São tantas idéias a serem postas em prática que dá até um desânimo. Mas, força! Vamos em frente.
Ainda não me caiu a ficha de que estou com 21 anos, formado, empregado e totalmente independente. Muitos podem ver isso com orgulho (meu caso). Porém, a nostalgia é tamanha que às vezes deito em posição fetal (talvez por me lembrar mais dos tempos de criança) e me pego a pensar em tudo que vivi. Dói a cabeça. Muitas lembranças. O tempo que tu só tinha que se preocupar em ir ao colégio e voltar, estudar para algumas provas, jogar futebol na rua com os amigos de infância, chegar em casa e trocar o uniforme. As coisas mudam e nós não percebemos. Fingimos perceber. Mas quando tudo muda, ficamos estáticos, sem reação. E só vamos nos dar conta de uma mudança anos depois, quando pararmos e pensarmos: "Poxa vida, tô velho!".
Quantas conquistas tivemos e não as bradamos. Quantos tombos tivemos e nos queixamos. Quando eu imagino meu futuro não vejo nada. Vejo apenas um leque de oportunidades. Eu me jogo em todas as redes de pesca, procurando ser "pescado" e me deixar levar. Acredito nisso. Que a vida seja como um cardume livre. Somos peixes livres no oceano, à espera de pescadores (oportunidades). É com algum deles que tu te vai embora. Cai em alguma rede e faz tua vida, seja na vitrina da feira como um belo papa-anjo ou em um aquário. Restrições. Não nascemos para a liberdade. A liberdade nos sufoca. Haverá alguém a me dizer que é livre. Mas rechaço logo de cara este fato. Uma pessoa livre não tem elos nem com seu pensamento. Ou seja: cada dia tem um pensamento diferente acerca de algo. Uma pessoa livre não tem as correntes invisíveis que temos e não percebemos.
Mas, enfim, enclausurados em nossa pseudoliberdade te pergunto: é tempo de quê?