Tenho-te toda nua e peso na palma
De minha mão a sua fineza alva,
que ao mais leve tocar enruga-se, calma,
e, de arrepio, quase joga-se ao chão.
Cinjo-te outra vez, mas agora
Possuo-te para tornar-te suja, e assim
Limpar-me das palavras da mão que chora;
Mas as lágrimas transbordam sua branquidão.
Naquela transparência que deixei no teu céu
Há o mais leve encontro d’almas;
Minha e tua numa só.
Rasga-te ao meio e reduz-te a pó,
e diga-me antes da morte que me amas:
ó amada e finada folha de papel!
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