Beijar, verbo intransitivo.

Beijar é verbo intransitivo. É passível de desentendimento. Eu beijo. Tu beijas. Ele/ela beija. Nós beijamos. Vós beijais? Eles beijam. Beijo bom é este aí: intransitivo, sem rodeios, sem firulas. Beijo babado, beijo molhado, beijo com vontade. Um destes pode te levar ao céu em segundos, ao inferno também. Beijo no pescoço, na orelha, na pontinha do lábio. Sabes do que eu gosto. Então, aproveita. Me beija, sou todo teu. Só não demora, que sou viciado, um "addicted", um "junk". O beijo mostra a vontade que tu tens de viver a própria vida. É nele que tu deposita tuas forças e teus anseios. É nele que tu confia tua língua a outra língua e elas se entrelaçam num movimentar frenético. É ali, nessa conjugação verbal que os beijos se acham. Eu beijo e ela beija. Nós nos beijamos. Alguém fala: "eles se beijam". Alguém me fala: "Tu beijas". É encantador, não? Por que fechamos os olhos? A concentração, a falta de ar, por que acontece? Porque o motor das línguas é o coração. Por mais que tentemos abrir os olhos, nos vemos onde não estamos. Estamos ali, mas ao mesmo tempo estamos acolá. E quem nos impede? Ninguém. Portanto, o beijo é meu vício. Eu beijo e vou às alturas. Beijo tua boca macia e deliro. Bocas são a minha droga. O beijo é pior que crack: não há volta. Quando o antebraço se apóia no ombro dela e a mão vai às bochechas, o beijo injeta sua dose de adrenalina viciante para dentro de nós. É esse barato gostoso que me faz assim: feliz. Cuidado, pois ainda podem tornar o beijo proibido. A droga é de grande fator de dependência e de um "barato" prolongado. É de graça. Tá no mercado em quantidade exorbital. Taí uma coisa que vale a pena ficar viciado. Vem e me beija. To querendo.