Arbustos

Arbustos. Ou melhor pessoas arbustos. Passo por vultos todos os dias. Não os reconheço. Estas pessoas são apenas arbustos em minha floresta. Sempre paro para pensar em todos que eu esbarro, se estão indo ou voltando, se estão bem ou mal, se estão ou não estão. Enlouqueço. Caio no negrume da minha floresta e desapareço. Volto em forma de devaneio e caio na ponta da ficção. É nela que encontro meus subsídios para uma sustentação mental. Só com a ficção que abstraio e crio vida para estes personagens diários sem rosto.
Os arbustos são facilmente cambiáveis, removíveis e surgem em grande quantidade. São um complemento da paisagem que não se pode retirar, eles apenas estão ali. Seria muito fácil ter uma reta em meu caminho. Em lugar disso, tenho desvios. É essa a graça que me guia pelos bosques escuros os quais atravesso. É esse pandemônio pessoal que me reclui aos devaneios de criatividade, na qual enlouqueço e depois volto ao normal. Se é que se pode chamar de normal. Estes arbutos urticantes me arranham na passada. Tiram-me lascas de pele e assim rabiscam no meu diário de vida. Saio destes pensamentos como uma pessoa que mira um ponto fixo por um instante e logo depois recobra a consciência e continua seu caminho. O que importa mesmo é a criatividade alcançada lá nos deuses do Olimpo. O que importa é a imaculação dos nomes que não existem e delíneo dos rostos sem donos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhoso o que vc escreve!
sem palavras...
te admiro cada vez mais!!!
beijinhus da vizinha!

Anônimo disse...

Eu sofro do mal do arbusto:
Ex.: sento no ônibus muito bem quando vou me dar quanto o arbusto do lado mudou e eu nem notei e nem vi o arbusto sair.hehehe
Na rua faço o mesmo . Mas pior e se sentir um arbusto sem vida na multidão, que não desperta
nenhum olhar, nem ao menos um olhar de indiferença.

Ps. filosofei um pouquinho também!
Rodrigo parabéns ta muito bom o teu blog. bjos

Anônimo disse...

Muito legal seu blog. Parabéns!